segunda-feira, agosto 08, 2011

Não Somos Tão Racionais - Parte 1


O Maníaco-Depressivo constrói castelos nas nuvens, o Psicopata mora neles - e o Psiquiatra, é quem cobra o aluguel”. Dr. Alexander Elder.

Sendo seres humanos, fica clara a confusão que cerca nossos sentimentos sobre o risco e suas consequências. Por um lado, buscamos o risco de forma ativa em algumas empreitadas, por vezes sem qualquer recompensa; por outro lado, manifestamos nossa aversão a ele, sempre que forçados a tomar decisões. E essa dualidade do risco que faz dele um desafio para nós.

Quantos somos afetados pelo fator “Psicológico” nas decisões em relação ao Risco?
Avalie o exemplo abaixo e decida entre duas opções: (resultado no final do artigo)

- Numa população de 600 pessoas você aplicaria uma intervenção médica que salvasse 200 pessoas?
- Ou preferiria aplicar uma intervenção médica onde salvasse (um terço) da população e de (dois terços) sem chances de escapar?

As decisões que precisamos tomar são coloridas por nossas visões sobre o risco e sobre a maneira como o percebemos. A compreensão do risco e do modo como ele afeta os tomadores de decisão é um dos pré-requisitos para o sucesso na gestão empresarial, financeiras e comerciais. Por exemplo, indivíduos avessos a riscos exigem uma probabilidade maior do que 50%, e probabilidades maiores refletem maior aversão ao risco.

Para tanto, precisamos avaliar as indicações do quadro de referências abaixo:
AVERSÃO AO RISCO E BUSCA PELO RISCO - As pessoas muitas vezes exibem aversão ao risco em algumas de suas ações, e busca pelo risco em outras.

FONTE - O mecanismo pelo qual a informação é veiculada tem importância, ainda que para um mesmo produto ou serviço. Por exemplo, as pessoas pagam mais por um bem com base na maneira como ele é embalado, ainda que descartem a embalagem assim que a compra foi efetuada. (Somos regidos pela emoção do que a razão).

AVERSÃO A PERDAS - As pessoas parecem sentir mais as perdas do que os ganhos equivalentes. Elas muitas vezes estão dispostas a aceitar uma aposta incerta, com uma perda esperada, do que uma perda garantida de mesmo valor, em uma clara violação dos preceitos básicos da aversão ao risco.

QUADRO DE REFERÊNCIA - As decisões muitas vezes parecem ser afetadas pela maneira como as escolhas são configuradas. Assim, se comprarmos maior quantidade de um produto a um preço de tabela a R$ 2,50 quando ele é vendido com 20% de desconto, e menos quando é vendido a um preço de tabela de R$ 2,00, estamos suscetíveis ao quadro de referência. Uma pessoa pode aceitar a mesma operação anteriormente rejeitada se ela for configurada de maneira diferente.
Os especialistas argumentam que a formulação da pergunta ou proposta interfere na decisão das opções. A aversão a perdas implica a preferência por uma aposta incerta a uma perda certa, desde que a aposta ofereça a possibilidade de perda nula, ainda que o valor esperado da perda possível seja maior do que o da perda certa. Apresenta-se a referência da Contabilidade Mental.
Um estudo publicado pela Psychological Science em 2005 examinou um grupo incomum em seu experimento com 15 pessoas com capacidade de raciocínio e QIs normais, mas que apresentavam lesões em regiões cerebrais que controlam as emoções. E outro grupo de 15 pessoas em iguais condições, mas sem as lesões.

Realizaram uma série de apostas onde a possibilidade era ganhar R$ 2,50 e perder R$ 1,00. Descobriram que a incapacidade de sentir emoções, como medo e ansiedade, tornava os indivíduos com essas lesões mais predispostos a correr riscos com maiores recompensas, ao mesmo tempo que não esboçavam reações alguma após terem ganho ou perdido nas apostas. Por fim, o resultado final foi que o grupo que apresentava as lesões conseguiu aferir 33% mais ganhos que o grupo de pessoas sem as lesões.

Pode ser prudente treinar e condicionar algumas de nossas percepções ou retirá-las. Pois nossas táticas de sobrevivência acumuladas ao longo da evolução da espécie humana minam nossa eficiência como gestores do risco. Além disso, as informações de qualidade disponibilizadas no tempo certo aumentam a eficiência da gestão do risco podem estar equivocadas, porque feedbacks frequentes parecem afetar nossas visões.

Mas, precisamos tomar cuidado ao tentar rotular tais comportamentos como irracionais. Muito do que se observa no comportamento humano parece estar profundamente arraigado em nossas mentes, e não pode ser eliminado com facilidade (se é que pode ser).

Você descobriu a resposta?
- Os resultados esperados em ambas as intervenções são de 200 pessoas salvas e 400 pessoas mortas.

Os especialistas alertam para a influência do Quadro de Referências e aversão pelo risco conforme o caso é apresentado. Sendo assim, precisamos lembrar que Não Somos Tão Racionais quanto pensamos ser!

Marcos Castañón Tibiriçá
É Instrutor responsável pelo curso “Gestão Estratégica do Risco” pelo Instituto 3G. Administrador de Empresas, especialista em gestão empresarial e profissional do setor de informações comerciais com 19 anos de experiência em empresas nacionais e multinacional. Atuou por 06 anos como Instrutor do SENAC em projetos de “Educação Continuada” e consultorias para empresas do sudeste e nordeste brasileiro. Atualmente, é responsável pela gestão de Alianças & Parcerias, onde coordena o desenvolvimento de Grupos Empresariais voltados para o compartilhamento de informações comerciais da Boa Vista Serviços - Administradora da Marca SCPC.